O Mosteiro de Santa Maria da Vitória ou popularmente conhecido como Mosteiro da Batalha é aquele tipo de local onde história, beleza e religião se harmonizam. O mosteiro foi construído a mando do Rei D. João I após a famosa batalha de Aljubarrota onde o Rei, seu CONDESTÁVEL Nuno Alvares Pereira e aproximadamente 7000 homens venceram as tropas de Castela com aproximadamente 30000 homens. Após a vitoria, D. João mestre de Avis expulsa completamente os castelhanos de Portugal e acaba com o conflito de anos.
Particularmente acho esse local fantástico e não lembro uma só vez que estive em Portugal e não visitei o mosteiro. Cada visita é uma sensação diferente e uma nova experiência.
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Fachada do Mosteiro da Batalha. |
Lembro-me bem quando criança meu pai mostrando a estatua do Santo Condestável (Nuno Alvares Pereira o condestável de Portugal foi beatificado e canonizado. Se quiser conhecer mais sobre esse que foi um dos maiores guerreiros de Portugal
clique aqui) e contando que antes da batalha todos os guerreiros se ajoelharam para rezar e nesse momento o futuro Rei de Portugal prometeu a Virgem Maria que construiria um mosteiro proximo ao local da batalha em agradecimento caso saísse vitorioso da batalha contra Castela. Por o Mosteiro de Santa Maria da Vitória ficou popularmente conhecido como Mosteiro da Batalha .
Alem da vitória sobre Castela, a batalha de Aljubarrota tornou-se referencia em diversos assuntos: na questão de tácticas militares, pela primeira vez soldados de infantaria venceram a cavalaria (Castela possuía + de 3000 cavaleiros), na assinatura do tratado de Windsor (mais antiga aliança diplomática do mundo) e o casamento de D João I com Filipa Lencastre selando a duradoura aliança entre Inglaterra e Portugal.
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Monumento em homenagem a Nuno Alvares Pereira |
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Portal principal de entrada da Igreja. |
A construção do mosteiro que foi iniciada em 1388 e terminada em 1517 é considerada um dos mais belos exemplos da arquitetura gótica tardia ou manuelino de Portugal onde a riqueza de detalhes e a simbologia existente no local impressionam. Logo na Entrada do Mosteiro temos um Portal assinado pelo mestre Hugnet com aproximadamente 91 imagens que não se repetem. Na parte inferior debaixo dos baldaquinos temos os 12 apóstolos (6 de cada lado da porta), sua posição no portal indica que eles "suportam" todos os outros elementos, ou seja, são as bases da igreja. Nos 2 arcos mais externo, temos virgens, papas, bispos mártires, etc. Avançando um pouco mais próximo ao centro do portal temos o Rei Judá, Jesus Cristo e profetas que anunciam o novo testamento. Nos dois últimos arcos temos uma sequencia de anjos com instrumentos musicais e Serafins que anunciam a aproximação ao trono de Deus. No centro da imagem temos o próprio Deus sentado em seu trono sob um baldaquino com a mão sobre uma esfera Armilar rodeado pelos evangelistas S. João, S. Marcos, S. Lucas e S. Mateus e os símbolos que lhes representam: águia, leão, boi e o anjo. Estes símbolos são em função da visão do profeta Ezequiel e estão associados ao que cada evangelista passa da imagem de Jesus Cristo em seu evangelho (Divindade = águia, humanidade=anjo, Soberano=leão e o boi representa o lado sacerdote e o sacrifico de Jesus).
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No centro do Portal Deus em seu trono rodeado pelos 4 evangelistas. |
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Estatuas de 6 dos 12 apóstolos na entrada do mosteiro da batalha. |
Como chegar
Carro - É definitivamente é a melhor opção de transporte para chegar ao Mosteiro. Saindo de Fátima pode-se chegar a Batalha pela estrada nacional N356 (20 km - estrada antiga e mais sinuosa), outra opção mais longa porem mais rápida é seguir pela estrada IC9. A IC9 pode ser acessada de Fátima pela N357 (Via sem pedágio) ou pela autoestrada A1. A autoestrada A1 é também a principal ligação Porto-Lisboa.
Ônibus - É possível chegar ao mosteiro usando transporte publico vindo de Fátima, Lisboa e Leiria. Para maiores informações sobre horários e preços dos ônibus acesse o site
rede expressos clicando aqui.
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Ao visitar Fátima é quase uma obrigação passar pela Batalha. |
O que visitar:
Igreja - Uma das maiores igreja de Portugal, a igreja do mosteiro da batalha possui formato de cruz latina com 3 naves onde a central possui 32,5 metros de altura e 32 aberturas. As naves são separadas por enormes colunas que passam a impressão de um único e maciço muro. Destaque para os vitrais da capela-mor que são considerados os mais antigos de Portugal e os túmulos de D. Lopo Dias de Sousa - Mestre da Ordem de Cristo (Antiga Ordem dos Templários) e do arquiteto Mateus Fernandes que participou do projeto do mosteiro e foi responsável pela construção de capelas imperfeitas.
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Interior da igreja anexa ao Mosteiro da Batalha. |
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Tumulo D. Leopoldo Dias - Mestre templário. |
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Tumulo de Mateus Fernandes - Arquiteto responsável pela construção das capelas imperfeitas. |
Capela do Fundador- Ao lado direito da Entrada da Igreja temos a Capela do Fundador. De grande valor histórico e artístico, a Capela do Fundador foi projetada pelo mestre Huguet para ser o panteão real. De formato quadrado, no centro da capela as colunas formam um octógono coberto por uma estrutura abóbada que passa a impressão de um dossel (Armação saliente, forrada e franjada, colocada em cima altares e tronos) sob essa estrutura estão os restos mortais do rei D. João I e da rainha D. Filipa de Lencastre.
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Túmulo de D. João I e Filipa Lencastre no interior da Capela do fundador. |
Na tampa do sarcófago temos uma estatua do casal real de mãos dadas onde ambos são cobertos por baldaquinos com seus brasões de armas. Alem do casal, a capela do Fundador abriga os restos mortais da família Real - Destaque para D. Henrique - O Navegador (filho de D. João I) fundador da Escola de Sagres, Mestre da Ordem de Cristo e principal responsável pela expansão marítima portuguesa (mais informações
clique aqui) e seu irmão o D. Fernando o Infante Santo que morreu em confinamento na cidade de Fez no Marrocos (mais informações sobre o Infante Santo
clique aqui).
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Túmulo de D. Henrique o Navegador. |
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Túmulo de D. Fernando o Infante Santo. |
Claustro Real e Claustro D. Afonso V- Também conhecido como Claustro D. João I, o Claustro Real uma bela arquitetura com grande riqueza de detalhes. Em suas colunas e acessos ao jardim central é possível encontrar símbolos manuelinos como colunas em forma de cordas, flores de Liz, Esferas armilar, folhas de Loureiro, cachos de uvas e diversas cruzes dentre elas a Cruz da Ordem de Cristo. O claustro real dá acesso à sala do capítulo e ao Claustro D. Afonso V.
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Detalhe das colunas ornamentadas do claustro real.
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Detalhe de uma Esfera Amilar no centro do portal. |
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Sala do capítulo - A sala do capítulo normalmente é o local onde os monges realizam suas assembleias. Esta sala finalizada pelo mestre Huguet possui um teto abobado em forma de estrela e vitrais que datam de 1515. Neste local está enterrado o soldado desconhecido monumento comum nos países que participaram da 1º guerra mundial.
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Monumento/túmulo do soldado desconhecido - homenagem aos que morreram pela pátria. |
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Belos vitrais que decoram a sala do capitulo. |
Do lado aposto à sala do capítulo, temos a entrada para o antigo refeitório dos monges que foi transformado em uma lojinha onde podem ser compradas lembrancinhas do mosteiro. Tradicionalmente, em frente ao refeitório dos mosteiros, há sempre uma fonte onde os monges lavavam as mãos antes das refeições assim como a entrada para a Adega. Hoje a adega foi transformada num museu multimídia que mostra um pouco da historia do mosteiro e informações sobre a restauração de suas dependências. O antigo refeitório também dá acesso ao Claustro D. Afonso V que possui 2 andares e oferece uma ornamentação tão bela quanto a do claustro Real.
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Chafariz usado pelos monges para lavar as mãos antes das refeições. |
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Claustro Afonso V - jardins rodeados de bela arquitetura |
Capelas imperfeitas - Ou panteão D. Duarte recebeu um nome não muito condizente com o que vemos quando visitamos o local. O nome deste conjunto de capelas deveria ser capela inacabada, pois o nome capelas imperfeitas contrastam com a perfeição dos detalhes e a grandiosidade do panteão onde se encontra os restos mortais de D. Duarte - o Eloquente e sua espora D. Leonor de Aragão. Infelizmente D. Duarte não viu a obra da capela ser terminada e os trabalhos foram assumidos por D. Manuel que designou o trabalho de terminar a capela ao arquiteto Mateus Fernandes.
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Vista posterior do Mosteiro da Batalha - Detalhe das torres da capela imperfeita. |
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Tumulo de D. Duarte no interior da capela imperfeita |
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D. Duarte e D. Leonor de mãos dadas em sua lapide. |
A capela imperfeita ganhou esse nome por não possuir teto. Até hoje não há certeza se o projeto não foi terminado em razão da construção do mosteiro dos Jerônimos em Lisboa (Não conhece? Então
clique aqui) ou se há algum tipo de simbologia nessa "imperfeição".... Diga-se de passagem
simbologia não falta aqui. O mosteiro da batalha foi construído na orientação leste-oeste onde a igreja forma uma cruz (como a maioria das catedrais na Europa) e o altar-mor da igreja esta no leste. As capelas imperfeitas têm um formato de octógono e esta localizada atrás do altar mor que por coincidência ou não formam uma
cruz de Santo Antonio ou cruz egípcia. Ambas cruzes que
representam a vida eterna era conhecida no Egito como ankh ou a chave que abria a fronteira da imortalidade. Essas foram observações que eu fiz, não sei se realmente os arquitetos da capela quiseram fazer essa representação.
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Cruz Egípcia - simbolo da vida eterna. |
O uso do octógono tanto no Panteão D. Duarte quanto na capela do fundador está relacionado com o fato do
numero 8 representar a ressurreição ou infinito. A capela do Fundador tem um octágono inscrito num quadrado onde na teologia medieval, o quadrado é uma forma associada ao que é terreno e imperfeito e o círculo, ao que é celestial e perfeito [
ref].
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Panteão D. Duarte - Ganhou o nome de capelas imperfeitas devido a ausência do teto |
No panteão D. Duarte é possível encontrar vários elementos simbólicos do estilo manuelino. Infelizmente na foto acima não é possível notar mas
o parapeito interno da capela é feito de romãs, as mesmas romãs que estavam esculpidas no templo de Salomão em Jerusalém. Dizem que a romã possui 613 sementes e esse numero coincide com o numero de mandamentos ou provérbios judaicos que existem na Tora.
Botticelli retratou varias vezes a romã como o símbolo do amor do menino de Jesus e sua mãe em quadros como “
A Primavera” e “
Madona da Romã”. Alem das romãs no parapeito, o magnifico portal manuelino da entrada da capela impressiona tanto pelo tamanho quanto pela quantidade de símbolos e detalhes nele contido.
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Portal Manuelino na entrada das capelas imperfeitas |
Neste esplendido portal é possível encontrar símbolos como
cordas e nós de marinheiro que simbolizam a
gloria e êxito das navegações portuguesas. Não tive paciência de contar, mas vai que tem 81 nós nas paredes do portal.....
As pinhas são um símbolo de fertilidade e imortalidade (não sei porque, mas vários documento fazem essa referencia). O portal também é decorado com folhas de Hera que não achei o significado....
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Detalhes das cordas, nós, pinhas e folhas de hera.
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Riqueza de detalhe na lateral do Portal Manuelino |
Outros símbolos presentes nas capelas imperfeitas são os
brasão da cruz da Ordem de Cristo, o escudo nacional, as
folhas de parreiras que representam as vinhas do senhor e as
alcachofras que representam a ressurreição e regeneração (Motivo pelo qual alcachofras são queimada nos festejos de São João) e a
esfera armilar com a frase"Spera Mundi" que pode ser interpretada como a esperança do mundo.
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Portal manuelino visto do interior da capela. |
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Cruz da Ordem de Cristo, escudo nacional e esfera amilar - Detalhes do portal |
Fora do mosteiro no largo que circunda o edifício, é possível encontrar lojinhas de presente e restaurante. Quando visitei o mosteiro não comi na Batalha, almocei na estrada em direção a Alcobaça num restaurante chamado Restaurante da Beira onde comemos bem (como sempre em Portugal) a um custo de 6 € o prato.
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Largo ao redor do mosteiro da Batalha |
Andando pela Batalha é possível encontrar alguns edifícios interessantes como a casa paroquial e a igreja matriz da Batalha com um detalhado portal Manuelino. Infelizmente a igreja estava fechada.....
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Igreja Matriz da Batalha - Modesta mas com belos ornamentos |
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Portal manuelino na entrada da Igreja matriz de Batalha |
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Olá, estou conhecendo o seu blog hj. Estive em Batalha em 2001, mas já faz tanto tempo que não lembro de mta coisa. Muito bom poder recordar por aqui! Tb tenho um blog sobre viagens: http://taindopraonde.blogspot.com.br/.
ResponderExcluirSensacional,
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