Angers - A porta de entrada do Loire
Por ser a primeira fortaleza defensiva do Vale do Loire, a encantadora cidade de Angers é considerada a Porta do Loire. Apesar dos vestígios de civilizações Neolíticas e celtas encontradas na região, foi durante o Império Romano que a cidade foi fundada com o nome de Juliomagus. Durante a idade média a cidade que vivenciou diversas pilhagens impostas pelos Vikings comandados por Hasting foi o local escolhido para ser assinado o tratado de Angers onde o Rei da França cedia as regiões da atual Rennes, Nantes e Retz ao Rei da Bretanha.
Conhecido como Condado de Anjou, a região onde Angers se situava ganhou notoriedade em 1060 quando a dinastia Plantageneta assume o ducado com Godofredo III. O Barbudo como era conhecido Godofredo III foi avó de Fulque V Rei de Jerusalém (1110 - 1126) e bisavô Godofredo IV que se casou com Matilde (da Inglaterra). Anos mais tarde Henrique II, filho de Godofredo IV e Matilde se tornou o Rei da Inglaterra. A partir de Henrique II o Condado de Anjou assim como os Ducados de Normandia, Aquitânia e Maine foram anexados ao Reino da Bretanha, fato que perdurou até aproximadamente 1204, quando Felipe II (Felipe Augusto) Rei da França retoma os ducados após abandonar Ricardo Coração de Leão durante a Terceira Cruzada.
Cidade de Angers - Antigo Ducado de Anjou. |
Place du Ralliement - Centro histórico de Angers. |
Após a retomada de Anjou pela França, a cidade viveu sua "época de ouro". Esse período teve inicio quando neto de Felipe II, São Luis ordenou a construção do castelo de Anjou para rivalizar com seus inimigos da Bretanha. Em 1360 Anjou é elevado à Ducado onde Luis de Valois 1ª Duque de Anjou alem de melhorar as fortificações da vila, funda a Universidade de Anjou com os cursos de Direito, Medicina, Teologia e Artes. Também foi Luis I que encomendou a tapeçaria do Apocalipse de São João, maior conjunto de tapeçarias medievais remanescente no mundo (falaremos mais tarde).
Em 1434 Renato I de Anjou (René D'Anjou) assumiu o ducado e contribuiu consideravelmente com a cidade que muito havia sofrido durante a guerra dos cem anos. Renato I que também era Rei de Nápoles transforma Angers em um centro cultural e político. Em 1474 Louis XI Rei da França decide retomar Angers e marcha contra seu primo Renato que para evitar um longo e desgastante conflito entrega o Ducado sem resistência para o reino da França.
Estatua do Rei Renato I de Nápoles - Duque de Anjou, Rei de Nápoles e Jerusalém. |
Vista da cidade de Angers da muralha do castelo |
Como chegar
Ônibus - Saindo da rodoviária de Rennes (Gare Routière) há 4 ônibus por dia que levam os visitantes a Angers. O trajeto que dura aproximadamente 2 horas custa 7,30 €. Para maiores informações, clique aqui e acesse o site da Cia de ônibus AnjouBus.
Trem - De Paris é possível chegar à Angers saindo de Montparnasse. O custo da viagem pode variar de 24 à 63 € dependendo das condições de compra da passagem e o trajeto dura aproximadamente 1h30. Quem esta em Rennes, não compensa ir de trem, pois o trajeto é mais longo e mais caro em relação ao ônibus. Para maiores informações sobre trem, acesse o site da SNCF, a cia de trem francesa clicando aqui.
Carro - Localizada a 300 km de Paris, quem desejar chegar à Angers saindo da capital francesa deve seguir direto pela rodovia A11. Saindo de Rennes, a melhor rota é seguir a rodovia D775. Lembrando que também que na França é possível viajar de carona usando covoiturage(Não sabe o que é? me envie uma mensagem que explico!!).
Apesar de rápido e confortável, na França o trem nem sempre é a melhor opção de transporte. |
O que visitar:
Castelo de Angers - Principal atração de Angers (pelo menos foi esse motivo que me levou a cidade) é seu belo e impressionante castelo construído com rochas de cores beges e pretas. Localizado em posição dominante e estratégica as margens do Rio Maine, o castelo como conhecemos hoje foi edificado durante o reinado de Luis IX (São Luis) que em constante desavença com os bretões decidiu edificar um fortaleza inexpugnável que defendesse a posição de seus inimigos.
A Porta dos Campos - Acesso entre o castelo e a cidade. |
Patio interno do castelo - Destaque para o Châtelet e a capela de Saint Laud. |
As ultimas grandes reformas no castelo foram feitas por René I que transformou o fosso do castelo em um zoológico e parque para caminhada, assim como ampliou o alojamento real. Sem grandes modificações nos séculos seguintes, após a revolução francesa o local foi transformado em academia militar. Ironicamente o 1.º Duque de Wellington - Arthur Wellesley que estudou na academia de Angers anos mais tarde venceria Napoleão I na batalha de Waterloo.
Atualmente o castelo é aberto a visitação, os ingressos custam 8,50 € e permitem ao turista visitar as instalações internas do castelo incluindo as 18 torres defensivas, entrar no Châtelet e visitar a galeria do apocalipse. Para maiores informações sobre o funcionamento o castelo clique aqui.
Jardins no fosso do castelo |
Face norte do castelo de Angers |
Galeria do Apocalipse - A galeria do apocalipse é o espaço criado dentro do castelo de Angers para expor o famoso Tenture de l'Apocalypse ou tapete do Apocalipse. Não há registros sobre o motivo da confecção do tapete, os únicos registros falam que a obra de foi encomendado por Luis I de Anjou ao tecelão mais famoso da época, Nicolas Bataille. O tapete que reproduz 70 cenas do livro bíblico do Apocalipse escrito por João possuía cerca de 850 m² e atualmente é considerado o maior tapete medieval em exposição no mundo.
Tapeçaria do Apocalipse de São João -crédito da imagem. |
O tapete que foi confeccionado durante a guerra dos cem anos, alem de retratar o apocalipse provocar o Rei Eduardo III da Inglaterra. Estudiosos afirma que o artista representou Abadom com o rosto e a coroa de Ricardo III. Abadon é o anjo do abismo rei dos gafanhotos demoníacos e é citado em Apocalipse 9:11:
“Tinham sobre si como rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom".
Já a besta que emerge do mar (Apocalipse 13:1) possui uma cabeça de leão que por coincidência era mesmo leão usado nas flâmulas dos reis da Inglaterra.
Durante a revolução francesa, os revolucionários cortaram o tapete em varias partes e os pedaços foram usadas para as mais diversas funções (até cobrir laranjeiras no inverno). Somente em 1843 o Bispo Angers em uma busca conseguiu comprar os 2/3 do tapete que estão expostos na galeria, o 1/3 restante foi perdido.
Apocalipse 9:11 - Abadom representado com o rosto de Eduardo III.- crédito da imagem. |
Catedral de Saint Maurice - Construída ao longo dos seculos (do século XI ao século XVI) a catedral de Saint Maurice é uma mistura dos estilos românico e gótico. No interior da catedral o visitante irá se deslumbrar com a quantidade de obras de arte como os belos vitrais do século XVI e o púlpito do Padre Choyer todo trabalhado em madeira construído no século XIX. Durante a revolução francesa a catedral foi transformada em local de Culto da Razão. Infelizmente não consegui tirar boas fotos no interior da igreja, para conferir as belezas do local e obter mais informações (em Frances) clique aqui.
Imponente catedral de Catedral de Saint Maurice de Angers |
Vitrais de André Robin-Uma das joias da catedral |
Interior da Catedral de Angers - crédito da imagem |
Museu de Belas Artes - Ocupando uma área de 7000 m² o museu de belas artes de Angers é considerado o 4ª melhor museu da França (Sem contar os museus de Paris). A coleção do museu possui obras do renascimento italiano e alemão, obras das escolas italiana, flamenga (Flandres) e holandesa do século XIV ao XVI e como não poderia faltar, obras francesas que vão do século XVIII ao século XXI. O preço para visitar o museu é de 6€, maiores informações acesse o site do museu clicando aqui.
Edifício do museu de belas artes de Angers - Crédito da imagem. |
Escultura em exposição no exterior do museu. |
Torre da Abadia de Saint Aubin d"Angers - Parte do museu de belas artes |
Galeria David D'Angers - Pierre-Jean David ou simplesmente David D'Angers foi um dos grandes nomes de arte francesa. Natural de Angers, o museu de belas artes da cidade transformou a capela da antiga Abadia de Todos os Santos(Abbaye Toussaint) em um galeria para exibir as obras do artista. Apesar de fazer parte do acervo do museu de belas artes, para visitar a galeria é preciso comprar outro ingresso que custa 4€ que também dá direito a visitar o museu Jean-Lurçat de tapeçaria. Mais informações clique aqui para acesse o site do museu.
Galeria David D'Angers - crédito da imagem. |
Maison Adam à Angers - A bela casa localizada no centro histórico de Angers é um belo exemplo de arquitetura civil medieval. Edificado em 1491 em colombages a mando da família Lefevre, o local sempre foi propriedade de comerciantes e notáveis de Angers. Atualmente a maison é a casa dos artesões de Angers.
Maison Adam à Angers - Belo exemplo de arquitetura medieval |
O que comer:
Brochet au beurre blanc - Peixe tipico do Loire, o Brochet é um peixe cozido com sal e manteiga muito apreciado na região.
Brochet au beurre blanc - crédito da imagem. |
Doces - Quernon d'ardoise (Caramelo revestido com chocolate azul) e o Crémet d'Anjou (chantilly, claras batidas) tambem fazem sucesso por aqui.
Bebidas - A região de Angers é tradicional na fabricação de bebidas. Talvez a mais famosa é o licor de laranja chamado COINTREAU. Com grande reputação na França e no exterior, a destilaria organiza passeio que mostra como o licor é fabricado. Para maiores informações acesse o site da Cointreau clicando aqui. Alem do Cointreau, a região é conhecida por seus vinhos (vinhos de Anjou).
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